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A evolução tecnológica e o atrofiamento da mente

Estamos nos transformando em cyborgs virtuais (parte orgânica e parte cibernética), com a mente atrofiada. Quais são os riscos da Internet?



[05/2023] “Estamos nos tornando mais burros, e a culpa é da internet”. Essa é a constatação a que chega o jornalista Nicholas Carr, finalista do prêmio Pulitzer de 2011, em seu livro The shallows: what the internet is doing to our brains. Traduzindo: O superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros, publicado em 2010. Diz um brocardo popular: O especialista sabe tudo sobre nada; o generalista sabe nada sobre tudo. Exageros à parte, em geral, um especialista sabe muito sobre sua especialidade. Mas a tecnologia nos transforma. Somos todos generalistas!


Antes do advento da Internet, quem precisava fazer pesquisas ou se aprofundar sobre algum tema precisava consultar uma enciclopédia e estar atento aos fascículos periódicos para atualização. Para os advogados havia também várias versões da Revista dos Tribunais, geralmente em edições mensais. Assim era a vida e as consultas eram essencialmente laborais.


Nas escolas, as pesquisas consumiam horas de estudo silencioso nas salas de leitura. As bibliotecas públicas cadastravam seus usuários e ofereciam uma credencial (carteira) para retirada temporária de livros, sob responsabilidade, é claro. Mas os tempos mudaram! A internet chegou ao Brasil em 1988, embora já existisse nos EUA desde 1969.


Em 14 de dezembro de 1996, Gilberto Gil ajudou a popularizá-la. Usando-a como mídia, lançou, ao vivo, a música denominada “Pela Internet”. Um grande sucesso!


A rede cresceu e evoluiu muito, disseminando informações e conhecimento. Porém, para Nicolas Carr, ela atrofia a mente, destruindo as conexões e circuitos cerebrais responsáveis pela capacidade de analisar e processar informações, entre outros. A tendência é que a criatividade seja afetada, com péssimos resultados para a memória de longo prazo e para a inteligência. Apesar do volume de informações que proporciona, o pensamento de quem a frequenta mostra-se cada vez mais raso, simplório, em clara mudança da estrutura cerebral.


O problema é que a tendência humana é sua acomodação em face das circunstâncias. Nossa natureza adaptativa faz com que, cada dia mais, nos acostumemos a essa realidade e deixemos de considerá-la prejudicial. Os nascidos na década de 90 – chegada da internet - ainda se recordam de que as coisas eram diferentes. Os mais jovens, no entanto, consideram as novidades tecnológicas como naturais. Nem se dão conta das maravilhas por elas proporcionadas e, muito menos, do perigo que representam para a mente e para a composição cerebral.


Segundo João Teodoro, presidente do Sistema Cofeci-Creci, hoje já nem sabemos mais os números de telefone fixo de casa, dos amigos ou parentes. “Tudo está na memória do celular! Por que memorizar caminhos complicados, se o Waze nos leva sem pensar? Por que aprender a dividir ou calcular a raiz quadrada, se os apps resolvem de imediato? Sem perceber, estamos transformando-nos em cyborgs virtuais (parte orgânica e parte cibernética), com a mente atrofiada”, alerta. “Nem sequer somos capazes de vislumbrar riscos no novo arcabouço fiscal. Aliás, alguém sabe o que é isso?”, completa.

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