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Alta do preço dos materiais de construção irá refletir no custo dos imóveis?

Atualizado: 29 de mai. de 2023

Necessidade de manter a estabilidade do setor em função dos efeitos da pandemia sobre a economia e poder aquisitivo da população!


[10/2020] Recentemente, escrevi sobre a real possibilidade de um novo boom imobiliário no Brasil, alertado pelo analista econômico, Ricardo Amorim. Pareada com o aumento do volume de vendas, a elevação no preço dos imóveis ainda não se configurou significativamente. Os preços permanecem relativamente estáveis. Mas um fator subjacente pode desencadear o que todos queremos evitar, para o bem do mercado e do nosso bolso. Trata-se do preço dos materiais de construção.

Sabemos que o valor de venda dos imóveis reflete o custo de sua produção, agregado ao do terreno. Tudo obedece à lei natural da oferta e procura. Muita oferta, baixa procura, preços baixos; baixa oferta, muita procura, preços nas alturas. Pois o preço dos materiais de construção vem assustando o setor. A alta verificada nos últimos dias em alguns insumos, como cimento, tijolo, telhas, aço e tubos de PVC, entre outros, pode refletir seriamente no preço final de casas, apartamentos e outros produtos imobiliários.

Com o início do isolamento social provocado pela pandemia, esperava-se uma retração forte no setor imobiliário. Por isso, muitas indústrias de insumos desmobilizaram sua produção. Felizmente, a previsão não se configurou. Ao contrário, depois de 45 dias da decretação da pandemia, houve forte recuperação do mercado, o que provocou alta demanda por materiais de construção. Como a produção de insumos estava em baixa, a consequência foi a elevação nos preços.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em setembro de 2020, os materiais de construção acumularam alta de 4,52%, contra 2,89% da mão de obra. Importantes componentes da construção tiveram aumento significativo. Eis alguns deles: tijolo, 16,68%; cimento, 10,67%; tinta, 5,77%; areia, 4,77%; ferragens, 3,07%; telha, 2,86%; material hidráulico, 2,56%; materiais elétricos, 0,96%; revestimentos de piso e parede, 0,71%. Mas também houve quedas: pedra, - 2,79%; madeira e tacos, - 4,04%; e vidro, - 6,5%.

Extraoficialmente, algumas construtoras reclamam que, entre maio e agosto de 2020, o preço do aço cortado e dobrado subiu 10,0%. O concreto aumentou 9,75%, e o cimento 21,01%. No mesmo período, o quilo do alumínio teve alta de 33,93%, enquanto fios de cobre subiram 48,48%. Nada garante que esses preços terão sustentabilidade. Mas constituem, sim, uma grande preocupação para o futuro. Será o poder aquisitivo brasileiro, no pós-pandemia, capaz de suportar uma nova elevação nos preços imobiliários?

Por enquanto, a alta é modesta, embora acima da inflação. Em 50 cidades pesquisadas pelo índice FipeZap, preços de oferta, em setembro, os imóveis residenciais subiram 0,53% contra uma inflação de 0,43%, medida pelo IPCA. A alta acumulada em 12 meses foi de 2,31%. A inflação foi de apenas 1,13%. Houve, portanto, uma alta real no período de 1,16%. Segundo o FipeZap, o preço médio do m² residencial à venda, em setembro, foi de R$7.394,00. Máximo de R$9.242,00 (Rio de Janeiro, RJ) e mínimo de R$4.296,00 (Campo Grande, MS).

Enfim, a esperança é de que os preços se mantenham estáveis. Até porque os maléficos efeitos da pandemia deverão perdurar por um bom tempo. Altos preços não combinam com baixos salários.

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