Neste artigo, o presidente do Sistema Cofeci-Creci, João Teodoro, aborda a necessidade de reconhecer o talento e o que torna cada pessoa insubstituível!
A palavra história origina-se do vocábulo grego histor. Significa aprendizado, saber. Assim, refere-se a fatos reais, a conhecimento obtido cientificamente, com estudos. Estória, por sua vez, embora também de origem grega, trata-se de palavra divergente de história. Entrou em nossa língua por influência do termo inglês story. É empregada para referir-se a ficção, ao que não é real, mas imaginário. Dito isto, o psicanalista clínico Tadeu A. Caveden nos conta uma estória que vale a pena recontar, em especial em tempos de sonhos e promessas de vida nova.
Na sala de reuniões de uma grande empresa, um agitado diretor bradava para sua equipe de gestores: ninguém é insubstituível! Todos se entreolhavam, cabisbaixos. Não havia quem ousasse retrucar. De repente, um braço se ergue. Que atrevimento, pensou o diretor, já imaginando como “triturá-lo”. Um jovem gestor então lhe perguntou: sendo assim, quem substituiu Beethoven? Sob silêncio sepulcral, o rapaz arguiu: as empresas falam em descobrir e reter talentos. Mas, no fundo, pensam que seus colaboradores são apenas peças, facilmente substituíveis.
E continuou: quando um sai, é só encontrar outro para o lugar. Então, eu pergunto: quem substituiu Beethoven, Tom Jobim, Ayrton Senna, Gandhi, Sinatra, Garrincha, Santos Dumont, Elvis Presley, Monteiro Lobato, os Beatles, Jorge Amado, Pelé, Albert Einstein, Picasso, Zico e tantos outros? Enfim, todos esses talentos que marcaram a história, fazendo o que sabiam e gostavam de fazer; que fizeram brilhar suas aptidões e mostraram, sim, que são insubstituíveis? Cada pessoa tem algum tipo de habilidade, uma contribuição a dar. Isso está mais que provado!
Seria bom que os líderes revissem seus conceitos e pensassem em como desenvolver os talentos de suas equipes; em focar no brilho de seus pontos fortes, e não apenas em reparar seus erros e deficiências. Pausa! A quem interessa se Beethoven era surdo, se Picasso era bipolar; Cayme, preguiçoso; Kennedy, egocêntrico; Elvis, paranoico? A ninguém! O que queremos é ver as obras de arte e ouvir, com prazer, as sinfonias, os discursos memoráveis, as músicas inesquecíveis, resultantes de seus talentos. Os líderes têm de mudar sua visão sobre seus liderados!
Se um gerente foca somente em melhorar as fraquezas de seu pessoal, corre o risco de ser aquele que vetaria Garrincha pelas pernas tortas; Einstein, por suas notas baixas; Beethoven, por sua surdez. Na gestão dele, o mundo perderia todos esses talentos. Percebendo o diretor com a cabeça baixa, pensativo, o jovem continuou: se acaso pudéssemos mudar o curso natural das coisas, todos os rios seriam retos; não haveria montanhas, lagoas, cavernas; nem homens, mulheres, sexo, chefes e subordinados. Todos seríamos apenas peças, substituíveis!
O jovem lembrou que, no programa Os Trapalhões, após a morte de Zacarias, Dedé entrou em cena e disse: estamos tristes com a partida de nosso irmão Zaca. Hoje, para substituí-lo, chamamos... ninguém, pois o nosso Zaca é insubstituível! Concluiu. O silêncio foi total! Não se sabe a reação do diretor. Portanto não nos esqueçamos: cada um de nós é único, insubstituível. No mundo, sempre haverá quem nos ame pelo que somos, e quem nos odeie pelo mesmo motivo. Tenhamos todos um lindo e Feliz Natal, e um Ano Novo de muita luz e prosperidade!
Sobre João Teodoro: O paranaense João Teodoro da Silva iniciou a carreira de corretor de imóveis em 1972. Empresário no mercado da construção civil, graduado em Direito e Ciências Matemáticas. Foi presidente do Creci-PR por três mandatos consecutivos, do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná de 1984 a 1986, diretor da Federação do Comércio do Paraná e é presidente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis desde 2000.
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